O sol e a lua - Sérgio Carvalho

quinta-feira, 29 de setembro de 2011

FLORES FÚNEBRES


                                                                   

No leito, convulsiva, inda me fita,
Pranteio teus instantes de aflição
Em rútilos espasmos, tua mão
Acena-me, e partindo, inda me grita


Me junto aos teus suplícios tão sofridos
Fluindo entre febre e agonia
Em plácidos momentos de utopia
Carpindo sobre os sonhos destruídos

No teu derradeiro ai! Partimos juntos
No mesmo chão os corpos se apodrecem
De tanto amor, as plantas que ali crescem

Carregam a paixão destes defuntos
Em pleno inverno a tumba se vestiu
De orquídeas, deste amor que não floriu

sexta-feira, 23 de setembro de 2011

ALÉM DA VIDA








Quisera eu ter o mar sem ter medida
Lançar ao leu, o amor mais verdadeiro
Ao breu da noite, na alma tão ferida
Transpor a escuridão do nevoeiro


E como um destemido em frente à vida
Ir de encontro à morte, em um grito atroz
Purgar o teu sofrer, na despedida
Num beijo sufocando a tua voz


Igual almas do alem transpor o céu
Em lânguido silêncio enclausurado
Chorar sobre teu corpo ali deitado


Tocar teu lindo rosto, sob o véu
Cortar meu coração num golpe forte
Viver o nosso amor além da morte.

quinta-feira, 22 de setembro de 2011

TRISTEZA






Entristeço-me ao ver o pobre andante
O carente, implorando pelo pão
O traído chorando pela amante
Sobre a flor, desfolhada pelo chão


Por quem chora, um amor na despedida
Num fracasso de luta pela gloria
Quando a morte se torna tão sofrida
No final d'um amor; de uma historia


No sonho destruído, inacabado
Pela morte, de um jovem sonhador
Pelas juras perdidas, neste amor


E por fim, choro o corpo mutilado
Em que a terra, aos farrapos, cobre nua
Pela alma, tão perdida, que flutua

DOCE AMADA





 E teu olhar se foi naquele dia
Como ave que voou num arrebol
Um berro de pavor na noite fria
Num mármore desnudo em meu lençol


Naquela manhã, vasta, langorosa
Num fúnebre silêncio, tu me olhava
Igual um botão que morre..... Uma rosa....
Só resto e nada mais, qu’eu tanto amava


E como um desvairado, um só!  Demente!
Singrei o mar, sem rumo, sem destino
Pra me afastar, do som, daquele sino


Que te levou sozinha, tão somente
Ficou daquele olhar, funesto, brando
A dor de mil defuntos, me fitando

segunda-feira, 19 de setembro de 2011

O PERFUME DA FLOR

          O PERFUME DA FLOR
       (DECASSÍLABOS, RITMO HERÓICO)





Eu choro a desventura, a triste dor
Os ideais perdidos pela vida
Em cada tombo, enfim em cada amor
Em cada uma ilusão, triste e contida


Em versos salpicados pelo vento
Em noites tão sofridas de agonia
Nas mortes, de amor pelo relento
Nos meus versos marcados de utopia


E como a flor que o chão enfeita, assim
Em pétalas morridas ao luar
Que este vento as sepulta pelo mar


E espalha o teu perfume, neste fim
Que a morte seja assim, feito uma flor
Tão perfumada, em meio a tanta dor.

sábado, 17 de setembro de 2011

MEU LAMENTO ( VERSOS DECASSÍLABOS, RITMO HEROICO)






Selar o meu abraço e até sorrir
Transpor o lado fúnebre do além
Enfim, meu corpo pútrido, florir
Ao toque da alvorada que se vem


Algoz na dor, a boca, então, eu calo
E o peito prá explodir, segura o fim
De desencantos que passei, não falo
Na minha boca, branca, igual marfim


E a lagrima tão presa, tão dorida
Que rasga a face, nua, tal ferida
É a mesma por quem grito, tão sozinha


No acalento, a dor fugaz, insana
N'alma, que protegida, fez campana
No voo tão solitário de andorinha.

O VERDADEIRO AMOR





Na paz de um anjo pulcro, ela dormia
No rosto a luz da lua refletida
E quando respirava já se via
Os seios pela blusa mal vestida

Os seus negros cabelos flutuavam
No açoite duma brisa de verão
Sobre os ombros e braços deslizavam
Feito um beijo, corriam pela mão

Em êxtase, seu corpo arrepiado
De leve sua boca entreabria
Sussurrando meu nome em agonia

Depois num grito louco, desvairado
Perdeu-se pela noite enlouquecida
Buscava-me nos túmulos, perdida

domingo, 11 de setembro de 2011

Não chore amada




Não derrame um pranto


Não chores nunca, não derrame um pranto
Pois este amor foi como um arrebol
O sabiá, que chore um triste canto
Que as flores tombem ao raiar do sol


Que suma a lua, ao cair da noite
E o lírio branco se desfolhe ao chão
Que a tempestade num cruel açoite
Espalhe sangue, numa dor em vão

Mas, eu espero ver o teu sorriso
Que seja eterno em meio a tantas dores
Tão puro e lindo como estas flores

Que me cobriram, pelo paraíso,
Mil anjos,juntos, vão saudar-te em canto
Levou-me a morte, mas ficou o encanto
 







Sérgio Márcio Carvalho