O sol e a lua - Sérgio Carvalho

quarta-feira, 17 de agosto de 2011

INVERNAL

INVERNAL

Açoita os prados a bruma invernal,
Em cirros, alvos, n’últimos floreios,
Que o lírio branco a gemer, nos seios,
Sob delido e vil eflúvio boreal.

Entre os plátanos secos, e despidos
Na dor maior da s tristes parasitas
Sobre a geada, se debatem, aflitas,
Que sinto ouvir seus últimos gemidos.


E cobre a névoa, à terra  gelada
A natureza aos prantos, inda grita
Na tristura, ecoando tão aflita

Brisa de gelo rompe a madrugada
Juntos se vão meus sonhos de quimera
silentes buscam pela primavera.


Sérgio Márcio Carvalho
07/05/11

domingo, 14 de agosto de 2011

Fúnebre amada




No leito, convulsiva, inda me fita,
Pranteio teus instantes de aflição
Em rútilos espasmos, tua mão
Acena-me, e partindo, inda me grita

Me junto aos teus suplícios tão sofridos
Fluindo entre febre e agonia
Em plácidos momentos de utopia
Carpindo sobre os sonhos destruídos

No teu derradeiro ai! Partimos juntos
No mesmo chão os corpos se apodrecem
De tanto amor, as plantas que ali crescem

Carregam a paixão destes defuntos
Em pleno inverno a tumba se vestiu
De orquídeas, deste amor que não floriu

Sérgio Márcio Carvalho

sábado, 13 de agosto de 2011

Quem sou?






Não sei quem sou, e nem pra onde vou
Sou resto e nada, sobra de vintém
Sou triste sombra do que me restou
Que perambula, pobre, sem ninguém

Se nada tenho, só meu sentimento
Que de tão pobre, já não tem valor
Tal folha morta, que carrega o vento
Pelos sombrios vales desta dor

Neste sorriso, que fluiu, passou
Meus tristes passos a te lamentar
No fim da vida, um sonho que ficou

E tropeçando nos meus próprios passos
Em vez do canto, que só sei chorar
Eu adormeço sobre os meus fracassos


Sérgio Márcio Carvalho