O sol e a lua - Sérgio Carvalho

domingo, 30 de outubro de 2011

AS CATEDRAIS......



As catedrais de fé, d’antigas eras
De paz, de círios e arte angelicais
Das preces de louvor à luz de velas
Dum tempo que se Foi não volta mais

Ao som daquele sino, feito pranto
Os negros véus, de exéquias em latim
Coturnos, os regaços... Tristes cantos
Desfez-se tudo... Tudo teve um fim

E hoje me mofino em agonia
Feito um descrente, eu sigo, inconformado
Vivendo no presente, e no passado

Numa quimera morta de utopia
Num mundo em perdição, Qu’eu choro só
Tudo morreu...Passou....tornou-se pó

AMOR DO JAZIGO

 


                 JAZIGO DO AMOR(soneto)
  (versos decassílabos, ritmo heróico)

Oh! Noiva amada vem velar meu pranto
Nos pomos alvos, de mortal ternura
Que as flores mortas, que deitei-lhe em canto
Cobrem c’os lírios nossa sepultura

Sobre teu leito, que a bruma trescala
Vamos fulgir no mausoléu o amor
Dois corpos frios se amarão na vala
Por entre as cruzes num fanal de dor

Mil vermes loucos nossos corpos comem
Estulto amor só de pudores nossos
S’enlaçam pútreos num ranger de ossos

E em altivos fulvos que nos prados somem 
Riscou o espaço num enlace eterno
E encheu de amor, o breu do próprio inferno