O sol e a lua - Sérgio Carvalho

sábado, 31 de dezembro de 2011





Eu vivo preso no meu sentimento
Num desvario que me leva ao nada
Dentro de mim, ouvindo o meu lamento
Nas lentas noites pela madrugada


Sou a prisão que cerca o mar medonho
Que brilha o sol, entre as sendas esguias
Quando desperto no arrebol tristonho
Badala os sinos no final dos dias


AI! Se o meu verso fosse o meu alento
Desse-me a paz, que a brisa trás do vento
Me transportasse para um sonho infindo


Eu deixaria de gritar ao léu
Minh'alma iria flutuar no céu
E a morte iria me levar sorrindo








Saudade não se explica apenas sente
E o coração navega enclausurado
Na lágrima que corre tão fluente
Voraz, nos remetendo ao passado

Nos cântaros de luz vagava errante
Saudando os arrebóis no alvorecer
E hoje tão sozinho e tão distante
Sucumbe quando chega o entardecer

Saudade do cantar da passarada
Das noites de luar, na madrugada
Dum tempo de blandícia que eu passei

Fulgindo a vida passa e vem o fim
Nas plácidas manhãs eu sigo assim
Sabendo que na vida eu nada sei






Dedico este soneto a minha grande amiga e poetisa Reinadi Sampaio